domingo, 18 de março de 2007

Entrega (Cap. 6)

Mas voltando ao assunto da catalepsia:...
Já havia passado por uma dezena de cirurgias e mais umas, rsrs ... estava outra vez no Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre, para mais duas cirurgias corretivas nas pernas. Estava com 19 anos e naquela ocasião aqueles estranhos estados de sufocação se acentuavam, sempre quando tentava adormecer. Esses processos se tornaram tão corriqueiros que apesar de me sentir muito mal, eu percebí que teria de fazer algo a respeito. E então decidi que ao invés de lutar contra aquela força que tentava me sugar para fora do corpo, iria me entregar, não a ela, mas à Divina Providência (esse o nome que tinha a vibração do Sol para mim) e que significava me abandonar nos braços de Deus. Teria de confiar em Deus. Imagine... afogando-se numa piscina e decidir não lutar contra a morte, e sim, apenas entregar-se? Era exatamente o que isso significava. Sim! Estava decidido: quando acontecesse de novo eu iria relaxar e me entregar e não lutar contra o sufocamento. ( Hoje lendo temas sobre este assunto... vejo que é exatamente esse o recomendado, mas até então, fazia tudo por intuição!) Decidi que se isso significasse morrer, teria então que ser assim. Eu já não suportava mais aquela situação me atormentando quase todas as noites. E foi o que eu fiz:
Estava só, no quarto do hospital, e a luz do corredor iluminava o quarto na penumbra por cima da porta através de um vitral. Deitei-me para dormir. Quando o sono vinha chegando no relaxar, aquela energia começou a tomar conta primeiro do meu abdomen superior, paralisando todo meu corpo, me sufocando, produzindo um som e uma força de aspirador gigante, juntamente com a sensação de estar sendo puxada para fora, por cima. Continuava consciente, controlando meu pânico e aos poucos relaxando e me deixando sugar. No momento seguinte estava voando dentro daquele fluxo, prá frente e para fora do corpo com total consciência de que havia realmente saído do corpo físico, e que ele estava na cama do hospital, e então tive a primeira visão. O fundo da visão era escuro como um muro escuro na penumbra da noite e alí estavam duas mulheres conversando, como se comentassem algo sobre alguém. Esse alguém era eu... Lembro-me que uma tinha um lenço na cabeça. No momento seguinte voltei imediatamente ao corpo, abrí os olhos e me sentei na cama, feliz por não ter morrido e pensei: _Ah Ha! Morrer sei agora que não morro, e assim, enchí-me de coragem para o próximo "sufocamento". E ele veio, do mesmo jeito, e eu fui de novo junto com o "fluxo" que me puxava para fora e novamente ví as mesmas mulheres conversando, só que agora meu espírito se aproximou mais delas e pude ouví-las conversando, e apesar de não entender as palavras eu sabia que comentavam sobre mim. Aproximei-me um pouco mais e elas me olharam surpresas com a minha presença e uma delas apontou o dedo em minha direção e disse: _ É ela! Num instante seguinte já me encontrava no corpo sentada na cama e totalmente normal, olhando a luz que vinha da janelinha acima da porta, ouvindo os passos das enfermeiras no corredor. Percebí que para voltar ao corpo era instantâneo. Não era dramático como sair. Sentí uma sensação de liberdade e bem estar por ter tido a coragem de enfrentar “aquela morte” e feliz por descobrir que existe algo maior que os nossos medos. E que essa proteção não nos abandona.

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